quinta-feira, 29 de março de 2012

UMA TARDE QUALQUER


UMA TARDE QUALQUER

Ontem senti um cheiro de saudade...
...ou saudade do cheiro
Do cheiro da infância
Quando me deitava de tarde para dormir
Obrigada, é claro
Ontem encostei-me a minha mãe
O cansaço me invadiu
Não tive outra saída
Senti o cheiro de mãe jovem
Mãe de criança levada
Que infelizmente não sou mais
Senti o beliscão que levava
Quando me mexia demais
Ontem senti o cheiro de mato
Que vinha da janela
O cheiro do vento gelado
Que entrava por minhas narinas
Cobri-me
Tentando me proteger das lembranças
Lembranças boas
Lembranças de pés descalços que corria demais
Lembranças  de liberdade, de céu, de árvores, de plantas e animais
De casa velha aconchegante
Com braços grandes para acolher
Toda criatividade de uma menina sonhadora
Mas elas me mostram que os tempos são outros
O galo cantava
A galinha cacarejava
Um passarinho barulhava no ninho
Como criança que quer mamar
O barulho dos carros do outro lado
Me trouxe à realidade
Quanto tempo se passou?
Vivi estes anos todos?
O sonho sonhado chegou...
...e passou...
E agora?
O futuro chegou...
E agora?
Aposentei...
E agora?
Hoje sinto o cheiro da incerteza:
O que será de mim?
Por quanto tempo terei meus pais?
Por quanto tempo terei a mim?
Preciso reconstruir minha vida
Ocupar meu tempo
Para não pensar
Na correria a gente não pensa
Pensar dói...
Lembrar dói...
Sentir dói...
Viver dói...!!!

MÍRIAM LUIZA SÁ DA SILVA
EU
EM UM MOMENTO DE NOSTALGIA


Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, 
o Pai das misericórdias 
e o Deus de toda a consolação;
2 Coríntios 1:3

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