quinta-feira, 24 de novembro de 2011

MANGA ROSA


Ontem meu pai colheu no quintal manga rosa. Encheu uma 
sacola e me deu. 


Hoje eu descasquei a manga, cortei em pedaços e comecei a comer. Uma enxurrada de lembranças me veio a mente: férias, manga doce com muito caroço, muito fiapo e pouca polpa, crianças brincando, correndo descalças, soltas no tempo feliz da infância...isso mesmo...a manga rosa tem para mim gosto de infância, brisa de liberdade inocente, vontade de brincar, de chupar a manga e me sujar, ficar com os dentes cheios de tirinhas amarelas...se lavar na água do poço e voltar a correr...pega...sobe na árvore...amarra o balanço...Não tem hora para parar de brincar...é férias...


Mas a noite chegou...fui dormir...depois de um bom banho para desencardir a mistura de terra com manga e felicidade...e acordei em outro dia qualquer....adulta...sem manga rosa...com trabalho...responsabilidades que a posição de criança  crescida exige...Não quero mais manga com fiapo e pouca polpa...quero manga cortada, descascada...para não me sujar e não perder tempo...que tempo? O tempo passou...se perdeu...a vida passou...o mundo mudou...vivo a realidade...


Mas a cor viva, o perfume e o sabor da manga rosa me fizeram viajar no tempo...hoje voltei a ser criança por um momento...e não quero mais voltar atrás...quero muitos momentos manga rosa na minha vida. Obrigada meu pai José Maria por me proporcionar esse instante de lucidez...!

"Essa lembrança que nos vem às vezes...
folha súbita
que tomba
abrindo na memória a flor silenciosa
de mil e uma pétalas concêntricas...
Essa lembrança...mas de onde? de quem?
Essa lembrança talvez nem seja nossa,
mas de alguém que, pensando em nós, só possa
mandar um eco do seu pensamento
nessa mensagem pelos céus perdida...
Ai! Tão perdida
que nem se possa saber mais de quem!"

Mário Quintana
(Salmos 13:5) - Mas eu confio na tua benignidade; na tua salvação se alegrará o meu coração. 

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